Num quarto sem paredes

Neste quarto sem paredes
Onde o sol drama calorosamente

A liberdade a princípio tomada
Pelo próprio sangue que corre nas veias
Sem auxílio ou compreensão na própria casa
Lentamente leva a vida de cabeça baixa

Vida simples
Sem altos nem baixos
Apenas uma vida
Onde ninguém incomoda e nem é incomodado
Pois é só uma vida, comandada com mãos duras
Pelas mãos de outros

Mas a mão que se mantinha dura
Começou a se fechar
Apertando
Esmagando
Sufocando

Dos dedos fixados
Surgem as correntes para finalizar a prisão
Correntes que sob a pele dançam
E se entrelaçam
Em sua cela

Em um quarto sem paredes
Onde a esperança já não se vê

O tempo passa e a vida estica
A dor do ferro nos ossos queima
Mas aos poucos as correntes se afrouxam
Deixando gotas do vermelho vivo para trás

É só uma questão de tempo, acredito
Isso, apenas tempo
Encare a dor nos olhos
Pois um dia essa mesma dor estará aos seus pés

Do mesmo jeito qye a esperança volta
Vê-se um botão de rosa
Que lentamente desabrocha

Do outro lado
De um quarto sem paredes.